segunda-feira, 25 de novembro de 2019

Quadros de papel

Primeiro
Tem um verde campo com papoilas. É uma pontilhação véri véri colorida e há céu que se vê por entre nuvens não muito brancas.
Segundo
É um lago em tons de pôr-do-sol (ou nascer, sei lá), há um monte, ou dois, duas árvores no horizonte e outras três, também no horizonte mas mais distantes do lago. Tudo isto está reflectido no lago. Há nuvens, que são âmbar, umas, e bem escuras, outras.
Terceiro
É uma paisagem de aprovisionamento, tem uma boa meia dúzia daqueles rolinhos (rolões, vá) de palha. Há árvores, mas de localização indizível, e o céu está lá, vê-se, e as nuvens são todas brancas. Os ditos rolinhos, ao serem cortados do solo, fizeram um caminho que sai do meio do quadro e segue numa diagonal pouco convicta.
Quarto
Quase parece mais do mesmo mas esfalfo-me para não ser, e isto é muito mais do que querer fazer parecer que não o é. Então vá: há um sol radioso bem no meio, tipo assim um feixe mas ovalizado, tem o tal do horizonte, a tal da árvore encimando a linha do horizonte e um céu bem escuro. Ah, a árvore está ao meio do meio esquerdo.
Quinto
Tem movimento no céu e o modo como a nuvem mais escura se apresenta, ao canto superior direito, cortado rudemente, uma vez que o quadro, a dada altura, acaba, contrasta com o quase apaziguamento que as outras nuvens, que são brancas e pequenas, o que as torna como que inofensivas. E depois há a árvore, que, por única ser, parece solitária. Ou quiçá o enquadramento tenha sido forçado para assim parecer, quiçá o autor tenha deliberado.

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