Não sou lá muito grafómana, em certos dias. Estou cheia do meu repetirrepetirrepetir. Ontem, lá no lugar (que também pode ser) da musa, tinha a folha branca e a cabeça vazia, depois preenchi e enchi ambas com o que encontrei, e o que encontrei, encontrei rapidamente, o que não difere em nada do meu costume (repetirrepetirrepetir). Na maioria das vezes o meu repetirrepetirrepetir não me demove nem um milímetro do expor copioso, na minoria tem o efeito das rajadas de vento, mudo a rota, não propriamente o destino. Espero, portanto.
Esqueci-me do livro em casa. Nada que não supere, vou para o intervalo grande sem o livro na bagagem e acabou a conversa.
Bom dia. São dez e vinte cinco. Há muitasmuitasmuitas coisinhas a bailar. Quero esmigalhar a folha amarela que voou no meio da praça e pareceu uma borboleta a voar; vou esmigalhar a folha amarela que voou no meio da praça e pareceu uma borboleta a voar... Esmigalhei a folha amarela e blás. Não contei as migalhas para não perder (mais) tempo (bem basta as repetições).
Tenho postais de Natal num cantinho da secretária do estminé. São seis e chegaram em novembro passado. Há também um calendário de 2016 e uma cartolina pequena com desenhos recortados para a gente descolar e colar nas prendas. São todos réplicas de quadros que foram pintados com o pé ou com a boca dos artistas e pertencem todos ao grupo de Artistas Pintores com a Boca e o Pé, Lda, sito nas Caldas da Rainha. Ah, é verdade, qual presentes incompletos qual quê, seis envelopes ajustados ao tamanho dos postais fazem parte deste presente-porque-não?/envio-voluntário-porque-sim.
Um dia que eu queira transportar uma pedra dum lado para o outro, com um intervalo dumas centenas de quilómetros, como foi o caso da pedra da crua vermelha, vou escolher uma assim, bem pesada, ó:
Um pombo repousava no cimo dum candeeiro, ó:
Não vi voar nenhuma folha amarela julgando que era uma borboleta, isto hoje, que já me aconteceu mais uma vez, há para aí duas semanas, dessa vez trouxe até a folha e tenho-a ali guardada na caixa dos tesouros, ainda há pouco estive a acariciá-la e a falar com ela. Tive uma certa vontade de a fotografar. Mas não. Tive uma certa vontade de a descrever. Mas não. Tive uma certa vontade de lhe escrever a poesia. Mas não. Já sabemos que a poesia não se escreve.
Já agora, ainda que não pertençam à praça, ficam aqui também as fotos que tirei aos bancos de jardim, aqueles que estão junto à árvore amarela, um até estava mesmo lá debaixo mas tiraram-no dali por conta das obras nas imediações, as quais não findam nem por nada, oh céus, é que eu queria festejar duma maneira cá minha. Mas os bancos. Então vá, estão assim, eu bem dizia que pareciam o rei de copas dum baralho qualquer, ó:
Tontice uma:
Estou cheia de nervos, sinto-os pelo frémito da criação, não pelo branco da folha.
Tontice duas:
invejo
quem não se esquece do livro que anda a ler
quem lê cinco minutos sem desvios
quem inventa as histórias que escreve
quem escreve as histórias que inventa
Ia um senhor a entrar na correnteza de cadeiras e eu, tão atenta ao bem-estar do próximo como de costume, pedi-lhe que não entrasse ainda porque eu ia jájájá sair e vai daí não o incomodaria na saída que se avizinhava.
O senhor respondeu-me: ah, deixe-se estar que eu não mordo.
Tenho duas penas neste episódio
a primeira
a de não ter sido tão espontânea e trocista como ele foi trocista e espontâneo e dizer-lhe: bem sei que morde, já lhe observei uns bons milhares de mordedelas
a segunda
a de não o ter mandado à merda, imbuída também de espontaneidade e troça
Sabem aquelas pessoas que estiveram quase a morrer e portanto dão uma importância desmesurada às pequenas coisas da vida e um valor inestimável às pessoas, tanto assim que não deixam palavras de apreço por dizer?
eu aqui
Empreendi, há uns meses, a gravação de vídeos onde falaria diretamente para os meus leitores, um vídeo por leitor, com discurso personalizado. Todos eles se surpreenderam com o ato, que eu bem sei que nem toda a gente tem a honra de ser lembrado e saudado deste modo. Na altura corri o risco de parecer lamechas e presunçosa, e agora, fazendo este post, corro esse risco novamente.
ora bem
Isto faz-me pensar na questão 'crescimento' de canal/blogue. Descreio totalmente num comportamento igual se tivesse um canal e um blogue cheios de movimento, tanto por uma questão de comparação entre pessoas, como por falta de tempo para responder a todos.
ainda assim
Se há sensação que eu gostava de conhecer é essa de ser reconhecida na rua por via dos vídeos, e reconhecida na blogosfera pelo tipo de escrita. Esta última seria divinal, continuo a gostar muitíssimo mais de escrever.
entretanto
Estou aqui em conselhos, não sei que bolo ou doce fazer no dia de férias/folga:
se bolo de ananás
se bolo de banana
se banana púdingue
Ou então faça mas é:
molho guacamole
molho branco
ervilhas com ovo
salada grega
Falo de fazer frente à câmara, não sei se estava a dar para perceber... Lá está, os meus espaços nas netes, tendo gente aos montes, dava para deixar a questão a votos e vai daí eu depois fazia de acordo com a opção mais votada, não é. Não. É que não me sei ver assim.
Será que ainda sei fazer a mochila do Ginásio?
calças, t-shirt, meias, ténis, sutiã, cuecas
champô, máscara, gel, desodorizante, creme
Faltará alguma coisa?
cotonetes, creme de pés, escova+pasta de dentes
Hum...?
pensinho higiénico, penso higiénico, pensão higiénico, tampão higiénico
Hã...?
creme de rosto, creme de mãos, perfume
Mais alguma coisa?
esfoliante de corpo, esfoliante de rosto, gel de rosto, (é continuar)
Eu bem disse no outro dia que às tantas as férias/folgas não iam ser bembembem como previra, que num dado dia me iam dizer: ó Gina, tem lá paciência, amanhã...
E pronto, aconteceu, amanhã, última quarta-feira de agosto, eis que venho bulir, mas não bulo na quinta-feira, é portanto uma troca. Tão somente, não somente. É que me transtorna um bocado a minha lojistica, mexe cá com as minhas coisas. Para começar: não posso começar a faina do Ginásio, ou seja: poder, posso, mas não vou, porque o Ginásio calha em caminho do estaminé e não do de casa, logo: pumba e coiso. Para acabar, não sei, mas por ora acabei as lamúrias desta questiúncula, deixando duas fotos espetaculares.
São onze e dezanove. Esqueci-me do livro. E agora? Agora escrevo coisinhas no lugar (que também pode ser) da musa, e não leio. E não é isso o que sempre acontece, mesmo que não me esqueça do livro? É.
Vamos chamar àquele quarto o quarto dos fundos, o quarto dos arrumos, o quarto azul. Há uns bons meses fiz um post onde anunciava as transformações que ocorreriam naquela divisão, uma vez que o rico filho iria sair de casa. A ideia primeira era um roupeiro na parede do lado esquerdo de quem entra, um roupeiro na parede de cá de quem entra, dispostos de modo a que ficasse um entremeio onde poria o camiseiro, assim a fazer triângulo. Estou com a sensação de que no outro post me expliquei melhor, mas adiante. Ora acontece que na parede esquerda estão duas tomadas que às tantas farão falta, mas acontece também que na parede direita estão outras duas e que a bem dizer a gente ali não vai precisar de mais do que duas tomadas, portanto: pumba e coiso, tapa-se as tomadas esquerdas com o roupeiro e acabou a conversa. Neste momento está um roupeiro quase por dentro do outro, mal consigo chegar ao fundo do que está metido adentro, de maneiras que a ideia do triângulo é capaz de ser bem melhor, fica giro, diferente e coiso. Da tal vez do post com meses, registei também que poria a máquina de costura e o computador lado a lado, frente à janela, devido à luz benfazeja do espírito e dos olhos e, aqui realmente não sei se registei que essa disposição me daria disposição para parar a cosedura e o escrever, por poder olhar lá para fora tão facilmente, se bem que se vê essencialmente prédios e janelas e, sendo essa a parte mole e insípida da questão, é bem verdade que também se vai ver árvores, céu, nuvens, chuva e vento, sol e sombra, passarada. E pessoas. Pequeninas. Bom, talvez nem tão pequeninas assim, moro num terceiro andar, mas sei que vou parar muitas vezes e ficar a olhar lá para fora. Aqui no estaminé, paro o escrever amiúde e fico a olhar lá para fora: carros, prédios, janelas... e pessoas. Uma vez, há muitos anos, pus-me frente ao pêcê do estaminé e ia descrevendo sucintamente toda e qualquer pessoa que passasse lá fora, umas conhecia pessoalmente, outras não, foi um exercício mental do caraças. Passados dias, ou semanas, repeti o exercício.
Atenção, muita atenção, tenho 14 subscritores no meu canal do YouTube. Já fiz a festa e atirei os foguetes mas ainda não apanhei o lixo, é que anteontem eram 13, ontem eram 14 e, quiçá, hoje sejam, lá mais para a noitinha, 15, óié.
A festa fi-la porquanto nunca supus ter 1 sequer, é que nem 1, quanto mais 14. Ou serão 15? Bom, mais logo verei quantos. 16? Hum...
É que a cadeira afinal não era a minha, ou seja: o lugar não era o meu, por isso é que das outras vezes não me cheirou a erva-doce. Está explicado. Ainda assim, ando sensível aos cheiros. Há anos que noto isto do apuramento do meu faro, oh céus, que mau em certas ocasiões.
ao lado esquerdo está um homem que fala ao telemóvel em espanhol
ao lado direito está uma mulher que fala ao telemóvel em inglês
em frente está uma mulher tão alta que só pode ser nórdica e vai que escolho alemã
atrás está uma divisória de mármore
debaixo está um chão de mármore
por cima está um teto de vidros apoiados numa estrutura metálica
(entretanto, depois da prosa concluída, noto que bazaram, a alemã e o espanhol)
Cuidei de ter perdido a minha caneta cinzenta no corpo, verde na tampa e preta na tinta. Mas não. E não me lembro onde estava, afinal, isso é somenos, tendo em conta o sofrimento que... sei lá, a vida oferece?, o acaso impõe?, quando fico impedida de escrever coisinhas.
Bom dia. São nove e quarenta e quatro. Estou quase sem rascunhos, oh céus, au eva, putanai one dete, tenho pendentes, erros inconsequentes, coisinhas como esquecimentos e lapsos a registar. Logo aí se vê quão crassos são os erros, não é. É. Pois se os vou registar obviamente não vem mal ao mundo por via deles, não é. É.
Na sexta-feira escrevi um post acerca duma foto, a qual entretanto não consegui encontrar na máquina, só por dizer que já tinha escrito o post e estava tão lindo mas tão lindo, ai oh céus que faço eu agora: deito fora o texto ou remendo isto? Remendei. Confessei que não encontrava a foto na máquina e que não ia amandar o texto lindo mas tão lindo para fora, que ficava assim e acabava-se a conversa ali. Hum... Pois que já se está a ver, não é. É. Está-se mesmo a ver que a foto não desapareceu, não é. É. O que aconteceu foi algo largamente simples, 'migos, aconteceu que eu já tinha passado a foto para o pêcê do estaminé. E está aqui, não sem antes copiar o tal pedaço de texto a ela referente:
«... Uma foto tirada à chávena de café e ao número que saiu de dentro da minha mala novíssima e lindíssima. Como creio ser consabido, na confeção de roupa, malas, sapatos, os moldes dos ditos são numerados por modo a facilitar que partes juntar a que partes, por modo a montar uma peça convenientemente, por modo a que as pessoas ostentem vestes e acessórios dignamente. (...) Podeis suspirar com alívio e descansar as vossas cabecinhas das repetições tolas que ultimamente tanto apresenta esta que escreve, e ao depois vem a foto, que não classifico, deixando ao critério de quem vem. Porque a foto não existe, afinal, por qualquer motivo a máquina não captou. Mil desculpas. Depois de a ideia estar exposta é que fui abrir a máquina para ver a foto que não vi afinal. Não está lá. Não sei o que se passou. Mil desculpas.»
Há cerca duma semana atrás encontrei um póstite preso num dos ramos da árvore arredondada, a qual, como julgo consabido, é a primeira que encontra à sua esquerda quem desce a rua mais bonita de Lisboa. Não é vez primeira, isso de ter encontrado um papelinho do género, e também da outra vez registei no blogue. Vou só dizer que em ambas as vezes a mensagem publicita um certo doutor de coisas do bem-estar psicológico e isso assim e que desta vez vou mostrar o rosto que o/a autor/a desenhou, presumindo que não é lá muito diferente do resgisto da vez primeira.
Escolher um vídeo para pôr no blogue, ok, vá, mas que critérios escolher? Escolher os critérios baseada em que tipo de assunto? E que tal não escolher pelo critério puro e simples, antes pelo conteúdo, escolhendo, no fim das contas, este assunto ou então aquele? Escolhi o critério de ser criteriosa, mas poucochinho. Procurar um critério é escolher tanto como escolher pelo conteúdo apresentado. Um critério é uma escolha. Olhem: é um vídeo e pronto.
Entretanto pus-me a mexer na badana da capa do telemóvel por me encontrar sem condições de continuar a leitura –abre-fecha-abre-fecha-abre-fecha- e uma das septuagenárias pôde ver o meu gesto repetitivo por entre as cadeiras transparentes. Isto da transparência calha a todos.
Seguidamente tenho excerto retirado do livro do momento, 'Um quarto que não é seu', Alicia Giménez Bartlett, da página 19, e tenho também uma foto tirada à chávena de café e ao número que saiu de dentro da minha mala novíssima e lindíssima. Como creio ser consabido, na confeção de roupa, malas, sapatos, os moldes dos ditos são numerados por modo a facilitar que partes juntar a que partes, por modo a montar uma peça convenientemente, por modo a que as pessoas ostentem vestes e acessórios dignamente. Então vá, primeiro o texto, que não é meu e portanto podeis suspirar com alívio e descansar as vossas cabecinhas das repetições tolas que ultimamente tanto apresenta esta que escreve, e ao depois vem a foto, que não classifico, deixando ao critério de quem vem. Porque a foto não existe, afinal, por qualquer motivo a máquina não captou. Mil desculpas. Depois de a ideia estar exposta é que fui abrir a máquina para ver a foto que não vi afinal. Não está lá. Não sei o que se passou. Mil desculpas. Mas há o texto, aquele que não é meu.
«Ouço a respiração da Lottie, que assim que cai na cama dorme que nem uma pedra, nem sequer fica um bocadinho enfiada entre os lençóis a pensar. Assim nem repara como é agradável quando o sono começa a chegar e já não se consegue pensar mais, porque o que vem à cabeça são disparates e uma pessoa deixa-se ir e dorme em paz.»
Estava lá o homem que não se parece com nada nem com ninguém. Querem ver que é mais um que sucumbiu ao mau café do antigo lugar da musa? Não sei, sei lá, até porque já não é a primeira vez que o vejo neste lugar mais moderno e acho até que fiz post a anunciar. Vai daí, vou mas é aproveitar estas linhas todas que o meu blogue dispõe para explicar, que eu adoro explicar coisinhas, que congnominei este homem como o que não se parece com nada nem com ninguém por conta de nessa altura me ser fácil encontrar parecenças entre as pessoas ou então cognomes para as pessoas, então, julgando que ficava bem cognominar, cognominei-o de. Ah ah. Lembro até uma senhora que lá ia, e vai, assim muito magrinha, tão magrinha que a cognominei de Franzineide. Note-se a maiúscula, por favor. Obrigadinha.
As cigarras cantam a um tom. No outro dia descobri que a cantiga das cigarras é cantiga por conta duma percursão que elas encontram por meios naturais ou instintivos. O tom é o mesmo. Não fundo não é cantar, aquele som, mas lá que cantam, cantam, ah se cantam.
Posta-restante
Praça Pasteur, sete e um quarto da tarde, lá estava uma no embalo.
Um dia deixei cair no chão a caixa dos meus óculos de ver ao perto e mais ou menos ao longe. Nesse dia a caixa abriu-se e partiu-se em duas, deixando escorregar os meus óculos de ver e blás. Por essa passar a ser uma caixa d' óculos incompetente, senti uma necessidade imensa de ter outra, portanto: uma caixa em condições, para proteger os meus óculos e blás enquanto não os tivesse na cara para poder ver melhor ao perto e mais ou menos ao longe.
Tenho lá em casa uma caixa mesmo gira!, lembrei-me eu, logo que a tragédia aconteceu.
E tinha, é uma caixa composta por duas partes, partes essas que contêm um íman ou coisa assim, uma vez que todas as extremidades se conseguem despegar e pegar, pronto, rolam sobre si, que estava a ser utilizada para albergar uns óculos escuros antiquíssmos, que entretanto deixei de usar por conta de parecer uma velha jarreta, assim mais ou menos dentro daquele estilo de fora-de-moda, vá, e muito, mas mesmo muito, longe do estatuto vintage. Resultado? Já que atualmente não uso os óculos escuros, eis que faço uma troca, acabando por estes ficarem com a caixa daqueles, mesmo a caixa daqueles estando partida em dois.
Quando fui preparei-me toda eu muito bem. O vestido é do ano passado, as sandálias também, mas a mala é deste. Comprei uma mala dum dourado inteligente, assim meio que sumido o seu brilho, sabem, pronto, por entre o bronze e o cromado lá se chegará. Gosto muito dela. Como ia à festa, pois que lhe pus para ali uma flor de pano, em tons neutros, para não alcançar a pirosice.
Dia Mundial do Cão. Letra maiúscula no cão e tudo. Eu tenho um cão que está não só neste vídeo como noutros, mas neste vídeo está do momento 2m:58s ao momento 3m:09s e do momento 3m:45s ao momento 3m:49s, o que aconteceu casualmente. Claro que eu podia ter chamado a minha cadela (é uma cadela) e ela ter vindo, de obediente e dócil que é, mas não, nãonãonão, ela veio casualmente, e ficaram dois momentos muitos bonitos, tanto pelo acaso da vida como pela ingenuidade da minha cadela.
Ó dona Deolinda, amande-me com umas quantas bê-ó-dois e outras tantas vê-i-oitenta, por favor. Obrigadinha. Mas é quando puder, antes de mais: ambiente-se.
Entra e mostra-me a amostra que traz consigo, dizendo:
A bruxa má mandou-me comprar uma coisa destas!
Não está fora do seu habitual, embora pareça estranhíssimo a quem não mora no mesmo estaminé que eu. Já nem ligo, sei que é desabafo, a patroa é ruim, pronto. Quis nif na fatura que era para a patroa, chegada à linha de me dizer o nome da senhora...:
Bom dia. São onze e dois. De manhãzinha tirei fotos no lugar escondido. Nas fotos há uma espécie de chuva que passou,
uma planta imaculada, ainda, que se manifesta próximo ao outono e por aí fora, e que sempre me lembrou uma touca de bebé
e um feto algo penetrante numa planta de abas largas e rompidas, mas não pelo feto, ele é que se aproveita da situação.
Salta tudo para o blogue, duplicando perspetivas e não temas.
Ando sem saber como fazer os filmes no canal. Estou a filmar-me a escrever, outra vez. Vou aqui especificar o que conto fazer: um filme que se chamará 'Gina, escreve!' mostrando esta que escreve, escrevendo em vários lugares e não só nas férias. Pô-los-ei também na compilação de vídeos das férias. Acho que vai ficar giro. Estou a filmar-me, já disse. Pois estou. Acho que no fim das linhas, a pedra da crua vermelha, a qual resolvi colocar em cima da mesa e, por junto, duas pedras que já recolhi do Mediterrâneo.
São não sei que horas, mas vá, estou a filmar-me neste momento, o que estou para aqui a registar vai ser transcrito para o blogue. Bom, na verdade não sei se vai, que eu tenho sempre dúvidas: e se e se e se. Seja lá como for, estou a filmar-me. Mudei de posição, tracei a perna. Eh pá, às tantas fico demasiado exposta. Tenho dúvidas que fique bem.
Há uma gaita lá fora, não sei que é aquilo, será um realejo? No filme vai-se ouvir. Oh céus.
Cá estou, óié! Tanto ponto de exclamação, tanta treta escrita, registada para a posteridade, óié.
(estou a filmar-me, ah ah)
Há pouco estava a pensar que há pouca coisa tão inglória e infrutífera como isto de registar memórias. Eh pá, a sério, mas quem vai ler isto?! Pouquíssimas pessoas. Para já, as que me conhecem e amam deverão deixar passar algum tempo (parei a filmagem aqui) até que tenham coragem de ler os meus diários e os meus blogues, falo de quando morrer. Pois. Quando eu morrer os entes terão de conseguir ter a dor suavizada ao menos um pouco, por ação do tempo, esse milagroso, até que consigam 'ouvir-me' sem sofrer muito. E isso demorará imenso tempo, será tanto que dificilmente se sentirão capazes de me 'ouvir' algum dia. É então infrutífero. E inglório. Pois. Bem, espera lá, inglório talvez não, que quando alguém morre é automaticamente promovido a boa pessoa, mesmo que no fundo.
Este textozinho é para fazer um filmezinho que constará nas segundas-feiras de julho, grupo que ando a compor para ir para o ar um pedacinho de cada uma das segundas-feiras de julho... ah, pois é, já dava para perceber... Adiante.
Então pronto, estou a escrever sem pensar muito, o costume, aliás, e estou mas é a fazer um filme... eh pá... pronto, assim como que patetinha, que é para rimar com textozinho e filmezinho e outras coisinhas da minha vidinha, tanto às segundas como às terças e afora. Pois.
Bom, vamos mas é embora, que isto de escrever assim não dá lá muita pica, não.
pipiri pipiri, ah e tal estou aqui a fazer a figura escrevente outra vez e coiso, agora que raio vou pôr eu aqui e tal, há uma senhora lá fora falando e falando e falando, a conversa é queixosa, lálálá, quer morrer até ao inverno, que não quer passar mais dias de frio, acho eu, a dignidade, diz ela, deus me dê um motivo para cantar, diz ela, olha, sabe-lhe bem falar com ele, mas o gajo nem se ouve,
Ah e tal e coiso, vou mas é escrever no teclado com o teclado a ver-se e o camandro. Muitas vezes digitei o 'e' e o 'ah', aquando deste escrever assim, repentino e impreciso...
Coisas diferentes, ah coisas diferentes, eu a escrever coisas diferentes, ah ah. Que dia, não? Ainda agora começou e já me sinto queixar por dentro. Ecos. Que não vocalizo, sequer digito. Oh. Lamentos. Se bem que me esteja a queixar, agora, mas é tão subtil, a queixa, que nem chega a nada. Marca da casa. Marca da cabeça. Marca na cabeça. Não rio. Não tenho graça. Não me acho sempre graça, muito embora me ache em certos tempos da minha vida.
coisas diferentes, ah, coisas diferentes, nem sempre me acho graça e já me estou a lamentar, ah e que raio pus eu mais aqui, ah pois foi, pus a subtileza, pois foi, que coisa espectacular, nunca sei se é espectacular ou espetacular, oh, oh, olha, olha eu a lamentar, o oh a rimar com o olhar, mas assim logo de chofre e mais não sei o quê
cão maluco, cão maluco
quem me dera o teu voar
ah e tal estou a escrever nos papelinhos
e o cão maluco é maluco e incrível
mudei de posição
tento endireitar-me e blás
aponta, aponta, aponta
Escrevo agora no quarto em obras de melhoramento. É melhoramento ou melhoração? Hum. Melhoramento. Aprimoramento. Âpegreide, ah ah.
Gina Escreve, antes de mais eu a escrever no estaminé, depois os restantes. Entre os clipes colocar um outro separador a anunciar: olha eu a escrever no estaminé, olha eu a escrever na piscina, etc. As músicas a colocar serão clássicas, pelo bem que fica. Entretanto, pôr-me defronte da lente sóni, a debitar ideias sobre letras que montam frases e sinais que as harmonizam. Vulgo texto & pontuação, portanto. E agora... É para dizer que já está. Mas nada disso, não esta nada assim no vídeo acima, geralmente, eu e as minhas ideias, somos montes de inconstantes. E rebeldes.
O meu telemóvel serve principalmente para ver as horas. Sei que não é comum acontecer na vida das pessoas uma coisa como esta, mas é, o meu telemóvel é-me necessário principalmente para ver as horas. E alguém me liga? Claro que sim. E até tiro fotos e vejo as netes aquando da hora do almoço, que é onde apanho uaifai. Mas o meu telemóvel serve principalmente para ver as horas. Vou agora ver as horas que são no meu telemóvel para provar que o que digo neste post é verdade-verdadinha-verdadeira e verosimilhança da minha vida prazenteira, são dezassete e cinquenta e um e eu estou estalando de deixar o estaminé até sexta-feira. Para mim, hoje é como se fosse sexta-feira, e sexta-feira que vem é sexta-feira outra vez. Amanhã é quarta-feira mas é assim tipo um sábado porque vou a uma festa e tudo, e depois é quinta-feira mas não se vai parecer em nada com um domingo, e vai que a sexta-feira chega outra vez. Plenamente. Verosimilmente. Oh, que palavrita mais comprida, pá. De manhã, na Radio, estava um locutor a dizer que doravante os ouvintes poderiam escolher diariamente uma palavra pouco usada correntemente e inseri-la numa conversa, depois que fizessem o alarido normal no fuçasbuque ou assim, por modo a irmos lembrando aos poucos palavras como que riscadas do vocabulário usual. Gostei do jogo, mas como não converso, olha, pumba e coiso.
Mas das coisas que cheiram bem – estou como que aludindo ao post anterior, querendo perceber, é favor visitá-lo -, uma delas é o pote que continha a máscara para cabelo. Continha, se continha, está vazio. Pois. Tenho-o destapado por conta de não querer impregnar as pedras que trouxe do Mediterrâneo com esse cheiro fantástico e sensual. Sensual porque tudo o que meta água e cabelos lá vai parar.
Mas as pedras.
As pedras são para colocar aos pés da árvore amarela. E agora pergunta o interessado leitor, ó Gina, porque mantens ainda as pedras contigo? E agora eu respondo, ó 'migo, é que ao redor da árvore amarela tem havido umas mexedelas, assim ao nível do solo, tenho até receado que abatam a árvore amarela, oh céus, e eu queria ver os preparos prontos, nada de placas avisadoras, nada de movimentação de homens a trabalhar e tal. Mas, ao que parece, largaram a obra assim meio acabada, se é que esse meio existe, sendo que, na verdade, o que está fora do sítio e a chamar-lhe incabado, é os bancos um contra o outro, a dar beijinhos nas bocas, se as tivessem. Ainda não tirei uma foto para mostrar ao leitor o que quero dizer exatamente porque nos últimos dias não tenho levado comigo a máquina fotográfica não tão espectacular assim. É que ando carregada debalde há meses e há muitos meses que as fotos são raras.
Mas os bancos.
Vou precisar que o banco volte ao seu lugar, que é debaixo da árvore amarela, vai fazer-me falta para me sentar durante a cerimónia.
Um cheiro que ainda anda por aqui é o do ambientador. Já deitei o frasco fora. Já o cheiro se foi do ar. Ainda o cheiro não se foi de cima da secretária, num ponto ou outro, precisamente onde o frasco verteu um tudo-nada de líquido. Que já limpei. Que insistência. Sim, já limpei. Eu já de mim não sou dada a cheirinhos e cheiretes para perfumar o ar, que me faz doer a tola e o caneco, agora imagine-se o sofrimento desta que escreve aquando da perceção de que o cheiro está impregnado na minha secretária. Sério. É que o cheiro está aqui, umas gotinhas num ponto ou noutro, que o frasco deixou escapar, sou um bocado repetitiva, pois sou, e eis que perdura o cheiro, ca porra pá.
Hoje de manhã cheirou-me a erva-doce. Eu explico, que eu adoro explicar coisinhas. No fim-de-semana passado mudei a cozinha. Não é que tenha passado a cozinha para o quarto e o quarto para a cozinha, não, é que tirei o móvel que apara o microondas, a batedeira montes de espectacular e uma catrefada de frutas e legumes, para o colocar no lugar onde se encontrava a mesa e as cadeiras, já a mesa e as cadeiras, arrastei-as para o lugar onde estava o móvel que apara aquilo tudo que já referi. Mas não exatamente para o mesmo sítio, não é que no lugar dos pés dum eu tenha assentado os pés da outra, nada disso, que a mesa e as cadeiras tiveram que ficar mais à esquerda e para cá do que estava o móvel, por conta de a gente poder sentar-se, e o móvel com aquilo tudo em cima dele teve que ficar mais para a direita do que estava a mesa. Está tudo muito bonito. Dantes estava também tudo muito bonito. Eu é que tenho a mania de mudar os imutáveis, se forem dum peso que eu aguente, tanto melhor, não me moam os cornos que eu arranjo-me bai mai selfe.
Mas o cheiro de manhã.
Para que a ordem cadeiral não fosse alterada e a gente todos se sentasse nos lugares de sempre, com as pessoas à esquerda e à direita que sempre estiveram aí, acabei por ficar juntinho da gaveta que contém algumas especiarias (há pouco esqueci-me de referir que o móvel também comporta especiarias... ai que falta a minha, oh céus) e eis que hoje de manhã me cheirou a erva-doce, sem que tenha sido este o meu primeiro sentar. Foi uma descoberta. Primeiro não curti nada a cena, porque me cheirava a qualquer coisa mas não sabia o quê, depois percebi o quê e fiquei felicíssima.
No fim-de-semana passado terminei de ler o livro do momento, 'Estranha Ternura', Miriam Toews. Olhem: gostei muito. É uma história escrita na primeira pessoa, estilo que me agrada há mais de quarenta anos (desde que sei ler, ah ah), muito embora geralmente me esforce no sentido de variar o estilo. Quem conta a história é uma adolescente, nascida e criada numa vila menonita, que depois vai desenrolando toda uma série de acontecimentos, obviamente relacionados com a religião mas sem aquela coisa de Igreja, de Causa, pronto, sem passar pelas inerências de frequentar assiduamente uma igreja, sendo que aqui refiro igreja pelo lado material, as paredes, não os métodos ou os rigores, se bem que a parte espiritual aparece na história, sim senhores, constando portanto a beatice, a murmuração, a inveja, o espanto pelo desplante do próximo. E quantas vezes este espanto pelo desplante é disfarçado com o tal amor pelo próximo que tanto apregoam, como se somente nas igrejas fosse possível manifestar-se esse amor... Ora. Pronto, é uma história que aborda religião e pecado fora das paredes duma igreja.
Todo o livro é atravessado pela solidão. Todo. É da primaira à última página, a solidão da rapariga transparece na maioria das frases. Isso impressionou-me e não foi pouco. Olhem: gostei muito.
Deixo vídeo meu e, se o deixo, garanto que é não querendo comparar a minha solidão
(sempre patética, a minha solidão, jamais conseguirei parecer solitária por sê-lo justamente e sem ademais, tampouco existirá um dia em que não ostente na testa a marca da pobrezinha que se queixa muito, e sobretudo desnecessariamente, da sua vida linda e bem montada)
à da rapariga menonita que foi ficando sozinha e partiu dali, é que nem pensar, mostro-o por considerar que neste livro me cruzei com a personagem.
Entretanto já dei início, também no fim-de-semana passado, à leitura dum outro livro: 'Um quarto que não é seu', Alicia Giménez Bartlett, também escrito na primeira pessoa. Tal como afirmei ao início deste post, costumo variar os estilos literários, contudo nos últimos tempos tenho forçado tanto
(mas tantotantotanto, e gosto eu de ler e gostei eu do livro que andei a ler, olha se não...)
a leitura que o melhor é escolher pelo prazer. Até agora li oito páginas, portanto pouco posso acrescentar acerca, posso contudo revelar que é um romance apoiado nos diários da escritora Virginia Woolf, bem como nos da sua criada, Nelly Boxell, mas ficcionado, ou seja: na altura da leitura em que estou e baseando-me na sinopse, presumo que nada tenha a ver com a vida real das duas mulheres.
Veio fazer as compras que precisava, coisas urgentes, e depois ia para o hospital porque não se sentia nada bem, e que se eu não a visse mais, olha, é porque ela tinha... Aqui faz um gesto com as mãos que designa um voo. Palavras e gesto saíram-lhe com um desalento disfarçado de resignação. Respondi-lhe com uma palavra de esperança: ora, isso não há-de ser nada. Mas afinal que sei eu?!
Evito pronunciar a palavra confundido/a mas às vezes não me sustenho, ou não me lembro de usar um sinónimo que tranquilizaria o crescente de nervos que é pronunciar 'confundida' fluentemente, sinónimo esse que é baralhado/a. Pois. Já se está a ver o que foi que disse àquela senhora ali assim, não é. É. ConfUdida.
Levantei um saco de cimento da prateleira mais abaixo de todas e saiu de lá um bicharoco que me picou três vezes no braço esquerdo. Neste momento tenho três pintas vermelhas para aí com meio centímetro de diâmetro. Fazem relevo por sobre a pele morena e sensual que trouxe do Mediterrâneo e que ainda mantenho. A distância das picadas são dez milímetros entre as que estão mais próximas da dobra do cotovelo e de quinze milímetros a que está mais próxima do pulso. Olhem que é tudo do lado esquerdo, está bem. Vai ter que estar. Só não meço a distância que vai da picada do lado da dobra do cotovelo, nem a que vai até ao pulso, porque estou cheia de pressa e sem nada de paciência, que comichãozinha mais difícil de suportar... É um pico com a comicha por junto, ou à vez, sei lá. É mau.
Hoje é dia do internauta e por conseguinte é dia do dabliú-dabliú-dabliú, world-wide-web, www-o-que-for-ponto-com. Faz hoje vinte e cinco anos que foi inventada (ou lançada...?) a internet como é conhecida atualmente. Na Radio fazem apelo às pessoas no sentido de dizerem como chegaram lá – ou cá, ah ah - e tal. Eu cheguei às netes em dois mil e quatro, assim logo ao início do ano, e desde aí nunca mais parei. Hoje em dia continuo sem preceber a ponta dum corno das netes ou do pêcê, mas cá ando, usufruindo, mais em lazer particular do que no prazer do trabalho, e esta disparidade ocorre deste modo
Saíu do estaminé e voltou num repente para me ofertar uma colher de sobremesa que encontrara no chão, deixando-me o seguinte reparo: 'ó minha senhora, tome lá esta colher, olhe que eu quando casei nem uma colher tinha!'
Bom dia. São nove e dezassete. Ena, que madrugadora nisto de escrever no blogue, ena, ena. Fiz de propósito, sabem, sempre quis começar pelo lazer que o blogar é, deixando o prazer incomensurável de trabalhar para mais daqui a bocado.
(Ai que já me esquecia! Esquecimentos por entre leveza e graçolas é coisa infantil, lá está.)
Do lugar da musa, tenho a dizer que hoje passei um frio do caneco, quando sentada numa cadeira transparente, por conta do ventilador do ar condicionado mesmo direito a mim. O horror, detesto o frio. Não há vez nenhuma em que me dirija para lá, os pezinhos um à frente do outro, vulgo andar, e, ena tantas vírgulas, ao passar junto do lugar da musa do antigamente, me não dê vontade de voltar a entrar. Só que não. É que lembro de supetão os cafés horríveis que lá bebi e não. Não. Por ora, não. Mormente e ademais, se a musa está em todo o lado, ora essa.
A planta à janela não estava à janela. Férias dos senhores donos dela...? E agora eu recebia um imeile a dizer 'ó Gina, olhe que eu leio o seu blogue todinho e decidi satisfazer o seu desejo de saber que é feito dos donos da planta à janela, pois bem, atão a gente tá de férias no Algarve, é o que é'. E eu ia ficar a achar-me o máximo, muito criativa e tal, muito de acordo, muito por dentro de. Da vida das pessoas. Da vida de toda a gente.
Ando a juntar as bolinhas que vão caindo da camisola que tingi no outro dia em conjunto com a cortina da cozinha. A camisola ficou efetivamente bórdô, já a cortina ficou dum pinque muito faminto. Lá está, nos pózinhos coloridos não há tenacidade para com o nailône, bem que os fabricantes me advertem, ó dona Gina, olhe que.
Porra pá, estava a ver que não deixava aqui uma palavra bonita. Tenacidade. Fala de ser capaz de agarrar só com uma mão, ou por meio da língua, isto em falação. A pessoa fala e pumba, as ovelhinhas vão atrás. A pessoa atua e pumba, os outros vão com a maria.
Ao momento tenho bolinhas suficientes para compor uma flor imaginária. Não é difícil, é só ter um número alto delas, para aí umas sete ou oito. Au eva, se eu quiser compor uma nuvem não vou ser capaz. Não com estas bolinhas, e não é por serem douradas. Gouldânes. É por serem fumaça, as nuvens. Quem desenha o fumo? Eu desenhava, quando tinha oito anos, os desenhos da Primária tinham uma chaminé e um fumo a sair, uma linha em caracol, de lá até ao céu, que era o topo da folha e onde já tinha desenhado as nuvens e o sol. Era por aí que começava. Um dia concluí que era uma parvoíce de tamanhão pintar as nuvens de azul, o céu é que é azul, então passei a preencher os espaços entre nuvens no azul com que dantes pintava as nuvens. Havia também flores no campo, havia também um campo, as flores eram desproporcionadas com o tamanho da casa, havia também uma casa e um caminho que saía da porta da casa até onde a folha deixasse. Tanto podia o caminho escorrer como curvar para um dos lados. Ladeando o caminho havia árvores. Como sempre me cansei facilmente seja lá do que for, fazia uma árvore bicuda e outra frondosa. Umas vezes punha uma boneca cujas mãos eram duas argolas. Em tempos houve até maçãs a pender das árvores. Da frondosa, que a bicuda era mais assim tipo pinheiro. Não sei, aqui estou a inventar, lembro lá se era expedita o suficiente para me aperceber que as árvores bicudas são mais assim tipo pinheiros.
O pribéram-ponto-pêtê diz que tenacidade é:
substantivo feminino
1. Estado ou qualidade do que é tenaz.
2. [Figurado] Apego obstinado a uma ideia, a um projecto.
Hum, não é bem, bem, bem como descrevi, mas.
Há dias abri o mépse do gugâle, pesquisei a rua mais bonita de Lisboa e pus-me a observar atentamente tudo aquilo. Pude vê-la com as linhas retas do desenho, e por retas entenda-se rígidas, o que não dá mensagem verdadeira, que as ruas têm curvas, mas ao mesmo tempo são rígidas, as ruas, sim senhores, porque não se movem, e aquilo começou a fazer-me muita impressão porque quanto mais pensava mais se me fixava a ideia falsa, ou não-verdadeira. Porra pá, é que não se descobre uma verdade neste mundo.
Bom.
Passei ao outro tema do mépse, que não malembra o nome, desculpem lá, e apareceu no ecrã uma imagem semelhante à outra, ou seja: a pique, mesmo d' alto, mas assim tipo desenho animado, vá, que não havia nitidez, antes ficavam difusas as árvores, muito embora me tivesse supreendido com a nitidez da calçada da rua mais bonita de Lisboa. É tudo mentira, as árvores estão difundidas em si mesmas. A árvore amarela está difundida em si mesma. As árvores não são assim, aquilo parecia mas era um fime da dísenei, coisa que já tinha dito acima mas por outras palavras. Verdade: árvore amarela. Mentira: a árvore não está amarela.
Hoje é dia de ser bonzinho/a. Na Radio tem havido todo um corropio em torno da ideia de ser bonzinho/a. Eu cá acho que ser bonzinho passa muito por não mandar mudamente à merda quem a gente está mesmomesmomesmo a ver que nos está a mandar mudamente para esses lados, tipo assim só com o olhar, sabem, em suma: é ser atingido/a mas não ricochetear o desígnio.
Estão a ver como é mesmo bom ter um blogue livre da cusquice de pessoas que me conheçam pessoalmente? Pois. É que calhando isto ser lido pelo bandido lá do fundo da rua ou pela puta da esquina aqui ao pé, eu, por ser cobarde, já não zurrava assim, eles iam pensar que eu estava mesmomesmomesmo a falar para eles e acerca deles, jamais os conseguiria aguentar. Vai daí... olha, pumba e coiso. Ter um blogue é tão bom, é que é mesmomesmomesmo bom.
Tenho de dedicar um bocado de tempo a colocar um cabeçalho no blogue, bem como uma barra lateral onde exibirei a minha lista de leitura de blogues, coisas que ando para fazer desde um de janeiro deste ano, precisamente a data do início deste blogue. Já agora, a ver se me desmancho num convite às pessoas, por modo a convidá-las, sou redundante e não peço desculpa, a ir ouvir e ver-me nos vídeos que deposito amiúde no meu canal. A ver se é na próxima folga... ai perdão, dia de férias.
O agosto no fim e eu a fazer um post que devia ter sido feito ao início do dito e a apresentar uma foto que tem cinco dias e se a tirei há cinco dias é porque me fui esquecendo de debitar tão importante assunto e se o considero importante é porque... sim.
Quando arranquei a folhinha do julho eis que arranquei todas até novembro. Vieram todas atrás do julho. Pois. E sim, deste particular fiz post, que bem me lembro, mas acabei por não fazer de como compus a minha secretária, de como a alindei, de como a deixei, de como.
Ora bem.
Em fevereiro estipulei que conforme o ano fosse avançando iria colando as folhinhas ao lado, sendo que mais ao pé de mim estaria sempre o mês corrente e depois seguir-se ia o janeiro, o fevereiro, o março e afora. Portanto ficava um bocado esquisito, note-se por exemplo o maio logo seguido do janeiro, ficava esquisito, não ficava. Ficava. E eu ficava preocupadíssima com isso, não ficava. Não. Mas vai que o acaso, ou a bruteza das minhas mãos, chegada eu, e o mundo inteiro, ao agosto, me dedico ao ritual, mas arranco tudo, fico com um aglomerado de folhinhas na mão. Oh céus, que faço?, perguntei a mim. Então, o, que, faço, é, colar, as, folhinhas, todas, como se o ano estive e um mês de findar, respondi a mim.
Estou aqui que não posso, tenho uma bolsinha nova para pôr as minhas chaves todas. Se digo todas é porque são efetivamente muitas.
16 (dezasseis).
Dezasseis (16).
É tão bonita. Fiz até foto de comparação sem que haja comparação capaz por entre a usada-velha e a usada-nova. Tem berloque. Tem furações que desenham motivos. Tem cor fofinha.
Ando um bocado tonta da cabeça. Tonta de tontura. Ai que se calhar estou grávida, lembrei. Refleti acerca do que em termos práticos é preciso para engravidar e conclui num repente que sim, posso estar grávida. Contudo, não estou, mas lá que estou tonta, estou. Acontece se me levanto da cama e até da cadeira, algumas vezes tenho de me voltar a sentar/deitar. E agora? Agora é fazer como fazem as pessoas espertas – esperar que passe. Posso também beber
- mais -
café, que foi aliás o que fiz há pouco, e ao depois dos valentes golos
- que também me entonteceram -
dei três vigorosos espirros
- que me fizeram montes de arrepios –
e vai que malembrei do que no outro dia estava eu a escrever deste esquema
– montes de interessante -
todo e se me acabou a tinta na caneta e já há dias tinha espirrado... ai perdão, apontado num papelinho esta reação fantástica que ocorre de longe e longe na minha vida e que consiste em o amargo do café me dar vontade de espirrar
e vai que ponho à mesma o assunto no blogue mas dissimulado por ser rascunhado
e vai que sabia lá eu o que escrevera oh céus não descodifiquei às vezes sou assim
– ilegível -
e vai que duas leitoras me ajudaram imensamente no desígnio em questão
Bom dia. São dez e quatro. Que tenho a dizer de chofre? É que é de chofre que geralmente ponho aqui acrescescentamentos, muito embora não relacionados com o cumprimento ou as horas que são. Que tenho a dizer? Hum, já estou a pensar demais... A banana do lanchinho d' hoje vinha com três pedúnculos, um que lhe pertence, outro já seco, outro fresco, fresco, fresco. É que a banana estava tão madurinha que se partiu onde não devia, ou seja: uma outra banana ficou sem pedúnculo, inclusive meio aberta no topo. Quem vai comer essa é o meu colega, que eu cá trouxe a dos três pedúnculos. Não tirei nenhuma foto à banana, ao pedúnculo, ao pedúnculo e ao pedúnculo porque nos sete meses e tal que o blogue tem já tem dezenas de fotos de bananas. Para além de ser uma escrevente repetitiva pra caraças, é também obra corrente não fazer parágrafos nos 'Primeiro' posts.
Este sábado o mais estranho que tem é não ter sido preciso ir ao supermercado. Não gosto nada de vírgulas, é um facto. Ou são-me indiferentes. Ou não me são indiferentes. Ora bem, dá véro, o que aconteceu dá véro para não ter ido ao supermercado é o facto de ter cozinhado mais... ai perdão, menos, é assim há anos, no verão. Sei lá, menos frio, menos fome, mais tempo para passear, apetite para passear.
De manhã estive entretida com a têvê. Ando a visionar os programas de culinária que já tinha visionado. Sim, isso. É que quando encontro alguma receita que quero experimentar, para ali fica, esperando. Entretanto encontrei alguns programas encetados, dos quais já retirei receitas, e vai que para ali ficaram na mesma. Eliminei-os todos. Todos. Alguns foram gravados em março, vejam lá. Os programas só se mantêm na box durante seis meses. Entretanto vi outros programas que ainda não tinha visto e já tenho uma confeção em espera, trata-se dum bolo-tarte de laranja. Hum, deve ser mesmo bom. A gente não pode é pôr as partes brancas da laranja, nenhumas, mesmo, é que nem as membranas que envolvem os gomos. Nada. Um dia.
Não fiz ainda a tarte de amêndoa que pensei fazer este fim-de-semana e inclusive fiz post a divulgar o plano, mas não deu, ainda.
Agora o que acontece é que é noite não tarda. São dezoito e dezanove, agora. Hum, a bem dizer ainda falta um bom bocado para anoitecer, mas pronto. Estou para aqui fartinha de editar vídeos. Tenho sempre uma catrefada deles para montar ao fim-de-semana.
Na próxima quarta-feira estarei de férias, logo seria de julgar que teria tempo para isto dos vídeos. Mas não. é que vou a uma festa.
Vinte e dezassete. Sozinha em casa, ainda.
Aqui há dias vi o pedaço dum filme - de que não recordo o título - na têvê que me impressionou. Tratava-se dalguém que queira matar alguém e, quando se decidiu a tal, eis que se sentiu revigorar, acordou bem-disposto à brava, cheio de planos, feliz, em suma: com mesma atitude e postura que eu tenho, por exemplo, quando decido que amanhã vou levar aquele vestido. Notei também que as cenas de rua foram feitas num lindo dia de sol, e via-se o personagem todo entusiasmado com a sua vida normal, convivendo com colegas e vizinhos, debaixo dum sol resplandecente. Nas cenas que vi, que foram pouquíssimas, o que me importou não foi um homem querer matar um homem e engendrar planos que o levassem ao horripilante ato, o que me importou foi o sol combinando com o estado feliz e decidido do personagem.
Vinte e uma e vinte e nove.
Vinte e duas e trinta e dois.
Vinte e três e vinte e três. Vim de passear a cadela. Vi ali assim um pombo morto que (julgo eu) pertence à asa de pombo que vi ali assim no passeio das sete.
Vou-me deitar porque amanhã tenho que me erguer da cama às sete para ir ao supermercado. Não demorei nada de tempo no passeio da noite, não é meu costume fazê-lo sozinha. Ali assim vi, também, uma pata de galinha. No ar há cheiro de fumo, a sirene dos Bombeiros tocou não há muito tempo e, antes, a cadela vomitou. Tenho uma vida incrível.
Sim, continuo desorganizada nos bastidores do blogue. Urge registar diariamente todas as minhas impressões por meio de caracteres, muito embora seja uma patetice de tamanhão quando reconheço que jamais atingirei esse objetivo. Não me chamo de grafómana no título deste blogue só poque é uma palavra bonita... É mesmo bonita, a grafómana, tem um guê e tudo.
A frese cortando o ferro, levanto o olhar para me concentrar e econtro a pistola do tira-gorduras. Sim, levanto o olhar do trabalho, há partes na minha vida em que um instinto advindo do labor me salva da incompetência.
Fui à chuva para lá e à chuva vim para cá. Chove em Lisboa, uma chuvinha fininha capaz de molhar até os espertos. As cigarras junto às árvores que se encontram no mesmo recinto que o poeta, não cantavam, as cigarras junto às árvores que compõem a rua mais bonita de Lisboa, não cantavam, já as cigarras junto ao muro de pedra, aquelas que acompanham a planta à janela, pois que sim senhores, cantavam. Notei mais audíveis os passarinhos, pela mudez das cigarras mudas.
Não li. Sequer levei o livro. Os meus intervalos grandes continuam mais pequenos. Menos grandes, quero eu dizer. Nunca mais vivi o intervalo pequeno. Não sou tão capaz disso como a chuvinha d' hoje foi capaz de me molhar. Aconteceu porém que mudei o percurso um pouco apenas, e também junto aos bonecos montados nas bicicletas não havia cigarras a cantar cantigas a um tom.
Ontem publiquei um vídeo no blogue e, no caso, foi um vídeo que fui construindo conforme a minha vida ia acontecendo, por ter descoberto num repente que podia juntar voz e imagem em ficheiros separados. Fiquei maluca com aquilo, festejei alegremente e tudo, fiz logo uma coisinha em vídeo a juntar as tais partes, mas sem que as tenha feito com esse propósito, indo depois tentar fazer um com a consciência de que posso e sei como. Só que não. Pois. É que é dificílimo sincronizar som e imagem. Tinha previamente construído todo o vídeo, cortando umas partes e juntando outras e fazendo posteriormente o visionamento do dito vídeo como que preparado, mas silencioso, relatando o que queria, ao sabor da imagem, pensando que seria fácil, uma vez que o tempo era igual. Só que não. Pois. Não deu. Então fiz assim como se pode ver aqui.
Foi vídeo para me dar um trabalhão. Foi vídeo para experimentar umas coisas coloridas a fazer de introdução, musicada e tudo. Foi vídeo para escolher por entre aceleração e lentidão, nesta ou naquela parte. Foi vídeo para me deixar triste no final e não foi por chegar ao final, é que no final eu percebi que o esmero foi tanto, o empenho, a preparação foi tão atribulada como já referi, foi tanto e tão que no fim fiquei triste mas não foi por ter chegado ao fim, foi por perceber que a partilha dificilmente fará ricochete, daí nasce um sentimento de inutilidade que às vezes não consigo eliminar. Às vezes, e esta foi uma dessas vezes. Da saunde ofe sailance.
Que tenho eu lá em casa a jeito de marchar com a minha banda a tocar?
No frigorífico tenho um caramelo muito malfeitinho. É que aquilo nem é caramelo nem é nada. Tentei fazê-lo há dias mas acho que coloquei demasiado açúcar duma só vez, ou então impacientei-me na hora de ir com o pincelinho molhado retirar os cristais das laterais do tacho e deixei-os ficar esperançada que se derretessem por si mesmos, ou então deitei as natas cedo demais, ou então não sei. Só sei que o açúcar não derreteu, não deixou de ser açúcar. Posso agora aproveitar a mistura falhada para base dum bolo ou dumas bolachas quaisquer. Quero dizer: o melhor mesmo é aproveitar, pois quando não deitarei tudo no lixo, que a qualidade não melhora à passagem dos dias, se ademais há natas.
No congelador tenho claras. Pois. Desde quando é que eu não tenho claras no congelador?! É nunca! Há sempre claras no meu congelador. Sempre. Posso fazer gelado e acompanhá-lo com o bolo ou as bolachas. As claras são também usadas na cobertura de tartes, a que normalmente se chamam de merengadas. Nunca fiz porque a maneira mais fácil de tostar o merengue é usar um maçarico, e eu não tenho, ou então levar ao grill do forno, que tenho, mas que nunca usei, e dá-me preguiça de experimentar.
Mas acho que o que vou realmente fazer é uma tarte de amêndoa, mirtilos e laranja... Ou substituo a laranja por limão, na hora logo percebo o que parece melhor, é que agora não sei, mas depois sei. Então e a massa lá de cima, a do aproveitamento, como é? É que faço bolachas e congelo a massa em cru. Pois.