terça-feira, 23 de agosto de 2016

Términus



No fim-de-semana passado terminei de ler o livro do momento, 'Estranha Ternura', Miriam Toews. Olhem: gostei muito. É uma história escrita na primeira pessoa, estilo que me agrada há mais de quarenta anos (desde que sei ler, ah ah), muito embora geralmente me esforce no sentido de variar o estilo. Quem conta a história é uma adolescente, nascida e criada numa vila menonita, que depois vai desenrolando toda uma série de acontecimentos, obviamente relacionados com a religião mas sem aquela coisa de Igreja, de Causa, pronto, sem passar pelas inerências de frequentar assiduamente uma igreja, sendo que aqui refiro igreja pelo lado material, as paredes, não os métodos ou os rigores, se bem que a parte espiritual aparece na história, sim senhores, constando portanto a beatice, a murmuração, a inveja, o espanto pelo desplante do próximo. E quantas vezes este espanto pelo desplante é disfarçado com o tal amor pelo próximo que tanto apregoam, como se somente nas igrejas fosse possível manifestar-se esse amor... Ora. Pronto, é uma história que aborda religião e pecado fora das paredes duma igreja.
Todo o livro é atravessado pela solidão. Todo. É da primaira à última página, a solidão da rapariga transparece na maioria das frases. Isso impressionou-me e não foi pouco. Olhem: gostei muito.
Deixo vídeo meu e, se o deixo, garanto que é não querendo comparar a minha solidão
(sempre patética, a minha solidão, jamais conseguirei parecer solitária por sê-lo justamente e sem ademais, tampouco existirá um dia em que não ostente na testa a marca da pobrezinha que se queixa muito, e sobretudo desnecessariamente, da sua vida linda e bem montada)
à da rapariga menonita que foi ficando sozinha e partiu dali, é que nem pensar, mostro-o por considerar que neste livro me cruzei com a personagem.





Entretanto já dei início, também no fim-de-semana passado, à leitura dum outro livro: 'Um quarto que não é seu', Alicia Giménez Bartlett, também escrito na primeira pessoa. Tal como afirmei ao início deste post, costumo variar os estilos literários, contudo nos últimos tempos tenho forçado tanto
(mas tantotantotanto, e gosto eu de ler e gostei eu do livro que andei a ler, olha se não...)
a leitura que o melhor é escolher pelo prazer. Até agora li oito páginas, portanto pouco posso acrescentar acerca, posso contudo revelar que é um romance apoiado nos diários da escritora Virginia Woolf, bem como nos da sua criada, Nelly Boxell, mas ficcionado, ou seja: na altura da leitura em que estou e baseando-me na sinopse, presumo que nada tenha a ver com a vida real das duas mulheres.

3 comentários:

  1. bem, eu ouvi (o vídeo), tarde, mas ouvi (vai levar tempo a pôr-me em dia, Gina - estive muito aute ófe sârvice).

    e acho que uma terapia pode ser feita solitariamente, isso acho.

    agora uma pergunta, Gina: esse cadeados aí atrás de ti são bons ou são maus?
    noto que ou eles nunca mais se vendem ou há sempre cadeados iguais para repôr no stock exposto. precisava de saber isto antes de começar a criar laços com os cadeados, se fazias favor. (os outros produtos têm rodado, portanto não me preocupam)

    :-) (merci bien)

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  2. Ainda me estou a rir, Susana.

    Tenho que ir ver o vídeo para te responder com exatidão, ou então melhor: amanhã exponho num vídeo a porta-exposição e a parte das prateleiras que aparece, está bem? Provavelmente não poderei publicá-lo amanhã, mas fazê-lo, faço.

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  3. ok, ficarei aguardando (com entusiasmo).

    :-)

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