Catrapisquei duas folhas de uma revista da lavandaria, que é como quem diz roubei quatro páginas, quando duas, são as que quero. Vem com dicas de Natal (não anotei o nome da revista em questão, peço desculpinha, montes, a todos quantos a prepararam, mas realmente é que). Quis perceber, com ideias exteriores à minha vidinha, se até hoje me montei no Natal tipo assim como toda a gente.
A primeira dica aconselha a que se invista na preparação do Natal o quanto antes, por modo a desanuviar os dias mais próximos.
Não faço muito diferente disso, não sou de deixar compras ou outras tarefas para as últimas, mormente por ter tempo para isso, mas, creio firmemente que, tendo menos tempo à disposição, não faria ou seria muito diferente disto meu.
A segunda dica garante que a gente vestir-se de Mãe Natal é bom para sermos surpreendidas.
Pois... aqui é que já não é bembembem comigo, que geralmente passo a noite de Natal com a indumentária de andar por casa, a qual, vejam lá, é feia que se farta, está rota e manchada de lixívia. Depois, acontece que sou gorda pra caraças, onde é que eu ia arranjar uma farda de Mãe Natal que entrasse neste corpinho?
A terceira dica sugere que se faça presentes. Fazer tipo assim fazer, com as mãos, presentes personalizados.
Bom. Ó pá. Não malembra de alguma vez ine mai laife me ter dedicado a fazer um presente. Mas, como não tenho memória de porra nenhuma nem porra de memória nenhuma, não malembra e acabou a conversa.
A quarta dica relembra que é bom tirar uma foto de família.
Bom, isso já fiz, que malembra muitaa bem, não todos os anos, ok, vá, mas a ver se este ano há clique tão especial como este.
A quinta dica manda que eu recorde episódios divertidos de outros Natais.
Hum... 'Inda no outro dia pensei: ó pá, que percalços ocorreram na minha vidinha natalícia, percalços assim tipo muitaa giros?! Sei lá e não sei cá.
A sexta dica expõe-se de uma maneira gloriosa, ó:
«Surpreenda a família com uma sobremesa que não faz há muito tempo ou que considere ser uma das suas especialidades. Adoce a boca da família sem ser com os doces típicos.»
É que nem é preciso dizer mais nada, pois não?
A sétima dica remete sem rodeios que se dê atenção à família, que o amor é o grande foco, não os presentes.
Estar mais focada nos presentes, ao invés de na família e no amor, não é, seguramente, a minha cena.
A oitava dica remete para continuarmos atentando na família, que as pilhas de louça suja podem esperar.
Não é, então, muito diferente da sétima. E acho que não peco por aí, não senhores, e não é para não ser diferente eu também, não senhores.
A nona dica brinca com as pessoas, ah ah, ai que alegria, que se jogue jogos e coiso e tal.
Eu não gosto de jogos, por conseguinte: não gosto de jogar. É que nem na Noite de Natal me apanham nessas andanças. Quero dizer: podem até apanhar-me, mas.
A décima dica, a derradeira dica, a – no fundo, no fundo, no fundo – rebuscada dica, é →→→ dizer a todos os presentes por que motivos é especial para mim esta noite.
Hum, ok, vá, no outro dia, quando o rico filho me anunciou que passaria a opulenta noite connosco, fiquei tão radiante quanto posso ser, o que o levou a acalmar-me o entusiasmo: - Calma, mãe, sou só eu, não é ninguém assim tão especial. Ao que eu respondi: - Ora essa, homem, para o resto do mundo podes até ser 'só tu', mas não para mim.
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