segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Sonho

Sonhei que ela encontrou uma placa com um texto escrito em cores garridas. O texto era meu, a mão escrevedora foi a minha. Eu morri... não, eu havia morrido... não, eu morrera e ela encontrou aquilo de mim, tipo assim do nada, e como sendo um pedaço de arte admirável. Era vê-la (nos sonhos, mesmo mortos, a gente pode ver reações) a elogiar-me a semântica e a poesia.
Como sabem, e se não sabem não faz mal, eu gosto de vocês na mesma, abomino a ideia do póstumo como sobrevalorização daquilo que se foi. O póstumo é menino para remeter tanto para o esquecimento quanto para a glória, ok, tudo bem, mas é uma completa nulidade para os mortos, que aí chegados a gente já não vê nem sente senão em sonhos. É chato.

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