segunda-feira, 22 de outubro de 2018

De há um ano

Há cerca de um ano que tenho este poiso no estaminé para escrever. Lembro-me que na altura fiquei toda contente de não mais ter que escrever de pé, oh que bom seria doravante e mais não sei o quê. E assim e aqui me vou mantendo desde então, só por dizer que tenho vindo a desgostar de certas questões, sendo as principais a escuridão e o não ver se e quando os presumíveis clientes entram no estaminé. Sim, que quando somente transposta a soleira da porta e chegados ao balcão, todos são presumíveis clientes. Mas dizia eu dos meus afinal-não-gosto-lá-muito-disto. É que é chato. Pois. É por isso que em caso de o meu colega estar ausente em trabalho, me ponho a teclar no computador que trabalha, desprezando este que brinca.
Mas aqui o meu cantinho é bonito e bom, sabem? Deu-me muito prazer consegui-lo. Estou por trás de um expositor perfurado, que dá hipótese de colocar prateleiras de um lado ou do outro. E foi o que foi. Se da parte da frente há toda uma panóplia de artigos, que selecionámos mediante o espaço e as circunstâncias - bem como o saber - do momento, eis que da parte de trás é o meu mundo. Foram colocadas prateleiras para que eu pudesse guardar as minhas coisas, que vão do útil ao irrisório, e daí ao tolinho, passando ainda pela ala das heranças do velho estaminé, como é o caso, e isto é só um exemplo, uma tesoura que é mais velha do que a casa. Sério. A tesoura tem, pelo menos, sessenta anos. Depois há outras coisinhas – já agora, né? - como por exemplo um frasco que se encontrava na casa-forte, esperando o freguês do avulso, espera essa estéril, já que o avulso há q' anos não se pode fazer, coisas de leis modernaças e assim. O frasco em questão pertenceu a um produto para melhorar qualquer coisa nos cheveux. Diz assim, em letras de relevo e não pintadas:
Petrole
HAHN
pour les
CHEVEUX
-:-
F. VIBERT
CHIMISTE
LYON
Às tantas estou perante um frasco que conteve os primeiros parentes do Restaurador Olex. Sei lá. Mas há mais coisas – já agora e tal, né? - oh se há. Olhem, tenho um desenho feito pela rica filha, é de Setembro de '99, quer dizer que ela tinha 8 anso quando o pintou. Tem uma boneca com uma coroa e diz 'princesa' com caligrafia de Escola Primária. Óbvio, 8 anos. Bem que ela diz que sempre adorou coroas e isso. Este desenho esteve sempre aqui, neste estaminé, não é nenhuma transferência de pertences, pois quando os ricos filhos cá estavam, era neste estaminé que pousavam mais, por mais espaço haver. Quando fiz esta reforma, pus o desenho dentro de um plástico, por modo a prolongar a sua vida. Ao lado tenho uma colagem que eu fiz com fotos dos ricos filhos, há q' anos mas q' anos, pá! Estava colado numa caixinha de cartão, onde tinha vindo uma mercadoria e que, depois de vazia, passei a usar como caixote (caixinha!) do lixo. Tenho vários posts contando disto e daquilo, coisas relacionadas ao facto de ter 'os filhos no lixo', mas acho que não estão neste blogue. Houve um dia em que fiz uma limpeza do caraças à minha secretária, ponderei se devia deitar tudo isso fora (pôr o lixo no lixo, vá), decidi que sim, mas depois não consegui, acabando por guardar a colagem. Entretanto, como se percebe, aqui continuam as fotos dos ricos filhos, coladas num pedaço de papel.

Malta: este post fica por aqui. Não me vou pôr com promessas dentro do género do post anterior, sei lá eu se venho estender todas as outras coisinhas que compõem o meu cantinho de escrever no estaminé. Ainda assim, uma coisa é certa, fica muito por mostrar.

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