Neste dia especial nada tenho a dizer-vos. É um problema, pá, isto é um problema (lá diz o amigo das motas), que sem escrever morro-me. Quando me ocorrem brancas desta natureza lembro-me logo de um conselho que li algures, dando conta de que em dias de sentir que nada se tem, nada se dê, a gente que não force, pois de nada servirá (nada, nada, nada). É um descanso. Seria um descanso, quero eu dizer, que faço eu com o vício? É que as palavras estão cá dentro na mesma! Eu é que estou incapaz de as materializar. Por outro lado, lembro também de uma ideia que li algures (esse algures deve estar cheio...), que consiste em simplesmente escrever sobre a falta de assunto, por ser esse o momento que se vive. Ou seja: é escrever sobre o que vai na alma na mesma e, sendo assim, o escrevente está sempre safo, dá azo à libertação na mesma.
Hum... a que se deverá a branca? Deve-se a ter esgotado a cabeça.
Ah, eu tenho assuntos, afinal, posso escrever da nota que tenho colada no placar (olhei ao redor e lembrei-me), que dita a quantas vou na questão da beleza. Por exemplo, fui ao cabeleireiro em oito de Agosto último. Gosto de apontar este tipo de ocorrência mas é só por prazer no registo, para nada (nada) serve, não meço o cabelo. Creio, agora me lembro, que vem do tempo em que tinha que tapar as raízes e frequentava um cabeleireiro fofo e bom, daqueles que usa o pincel com minúcia. Como fazia um intervalo de cerca de três meses por entre mexedelas na mona, apontava a data para não me desorientar. Era capaz de ser um assunto do caraças saber por que motivo ainda aponto a data em que fui cortar o cabelo. Não tem graça nenhuma eu dizer que é porque estou viciada nesse gesto, mas olhem que deve ser, pois por ora de nada (nada) serve. Nesse papelinho registo também outras belezuras, como a ida à pedicura e à pessoa das linhas que definem as sobrancelhas. É uma arte do caraças, essa das linhas que configuram um desenho para as sobrancelhas. Retirar peles e cortar unhas os pés é também uma arte, não quero desprezar o saber da Carminho neste meu post, nada (nada) disso, eu não saberia como fazer tal coisa, por isso não prescindo dos seus serviços. No outro dia, quando lá fui, eu e a Carminho estivemos a falar das nossas insónias, sendo que ela aproveita para passar a ferro, de madrugada sempre está fresquinho, e eu, que não passo a ferro, passeio o cão montes de cedo e ponho-me a arrumar o que deixei por arrumar na noite anterior. Houve um dia que até fiz panquecas para o pequeno-almoço. Sério. Acho que já sei fazê-las, já não temo o fermento ser em demasia, é para parecer e ser mesmo exagerado, senão as panquecas não ficam altas. No sábado comprei aveia com uma moagem tão fina que é uma farinha. Testei-a em panquecas mas não serviu, é muito pesada, qual subir das panquecas, qual quê.
Vêem?, afinal sempre tenho assuntos. Às tantas a segunda ideia que apresentei lá em cima, aquela de falar da ausência de assuntos para escrever, aproxima-se bastante da minha realidade, pois foi começar a dedilhar e pumba, montes de assuntos. Que não me importo de serem desinteressantes. Aliás, isso é algo que penso frequentemente mas raramente me impede de escrever, garanto que não me faz lá muita impressão que não escreva o importante. E esse 'importante' é exactamente o quê? Não sei. É que se eu começar a pensar no que verdadeiramente importa, nada (nada) encontro, porque o que estou a escrever me importa. É triste que não importe a muita gente, que quando a gente escreve gosta de ter audiência, sim senhoras e senhores, mas eu sei que não saberia lidar com uma larga e interessada audiência. Deixem-me. Sou um bocado bruta, vá. Um bocadão, é mas é um bocadão.
Mudando.
Olha outro assunto que se me chegou ao pensamento agora mesmo! É das leituras! É que há vários dias que leio o livro de estar no estaminé! Pois! Agora a sério. Como sabem, e se não sabem não faz mal, eu gosto de vocês na mesma, esse livro é 'Assobiar em Público' de Jacinto Lucas Pires e é um livro de contos. Ora, como sabem e blás, eu sou uma desgraceira em concentração para ler, de modo que, um livro de contos, é tipo assim uma mais-valia nisto de ler com a cabeça no ar, por serem histórias pequeninas em tamanho, vai daí facilita-me. Sim, eu leio sempre sem pousar na leitura, mesmo os contos, há anos que não me empolgo com um livro, não no sentido de não conseguir parar de ler ou, em caso de ter que parar, lamentar e ficar a pensar no enredo, roída de curiosidade. Anos. Se bem me lembro, o último livro em que senti isso foi 'A Acidental' de Ali Smith, que li no Outono de 2013 (fui pesquisar).
A propósito de anos que passam e mais não sei o quê, tenho tantos anos de registos em blogues, doze e ½ para ser concreta, que a percentagem do que escrevi e que me está na memória é cada vez menor. Ou seja: a vida vai passando e ficando grande e são cada vez mais as coisinhazinhas apontadas em blogues e quiçá cada vez mais corriqueiro o que escrevo e por ser corriqueiro não dou importância, que vão ficando retidas as que o meu interior considera importantes, como esta questão do livro, por ser um livro que dificilmente esquecerei. É que ficam só as coisinhazinhas que o meu interior abrilhantou. Quando digo interior, digo aquela parte do cérebro que não se distingue ou determina ou explica, creio que é essa parte que toma conta do por que é que foi esta coisinhazinha que memorizei e não outra qualquer.
E pronto, aí está mais um longo post, que, oh vejam lá, comecei sem nada (nada) ter a dizer-vos. Isso de os posts serem longos é outra coisa que pode aborrecer os leitores e é outra coisa que penso frequentemente mas raramente me impede de escrever. Dantes chamava a estas extensões um 'expor copioso'. Sei lá, houve para aí um dia que me lembrei da expressão e depois foi ficando umas semanas ou meses. Sou de modas, mas de modas que eu própria crio. E também tenho a mania. Pensando bem, eu até vou em modas, mas isto é coisinhazinha que, eu lembrando, desenvolverei amanhã.
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