quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

A minha vida

A minha vida nunca foi tão estranha como agora. Há dias foi, aliás, ilustrativo do quanto.
De manhã estive de roda de um tecto
- subia o escadote, esguichava a lixívia, passava o pano, descia o escadote, lavava o pano e blás e mais blás, setenta minutos naquilo, até entonteci -
Onde moram pessoas ao rés da idade adulta e ao rés da consagração académica (digamos assim)
À tarde atendi clientes no meu estaminé
- ah, uma fechadura universal, ah, um pacote de gesso, ah, uma chave de pontos, ah, o acaso do meu balcão! -
Este acaso oferece uma disparidade de circunstâncias versus pessoas versus anos e anos de lidação que tuteio uns quantos encartados (digamos assim)
À noite fui até ao Ginásio. Pá, como o post vai em crescendo, é pôr aqui que lido com catedráticos e juízes, que a gente fala das posições e questões de Pilates (pronto, Pilates é de elite), sem que no decorrer das curtíssimas conversas eu tuteie alguém. Talvez por, precisamente, serem tão curtas.
Inventasse eu agora um quarto estágio e teria que me pôr em moderada interação com elementos de corpos diplomáticos, deputados ou mesmo ministros – Como está senhor Ministro? - Ligeiros acenos de cabeça e mais não sei o quê. Mas não. Estive foi, num outro dia, a ouvir a senhora da limpeza lá do Ginásio. Sim, ouvir, ela falava e eu ouvia queixas de picadas de mosquitos, que aquilo é-lhe um horror imenso e quês. Ainda estive vai não vai para falar-lhe de tudo quanto é concernente às minhas frieiras. Só assim naquela. Mas não. Também não.

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