quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

Chuva

Agora que chove uma outra chuva venho contar do dia da última chuvada em Lisboa, durante a qual calhou de andar na rua e, por conta disso, cheguei encharcada ao estaminé – casaco pingão pelo peso da água, pés enfiados como que em aparadores do dilúvio e cabelo escorrendo – e isto sou eu a resumir. Bom. Então. Logo que pude tratei-me e, em complemento, tratei dos meus sapatinhos do momento, enfiando-lhes folhas de jornal para absorver melhor a humidade que para ali ia. Numa de dar despacho ao expulsar dessa humidade, coloquei os sapatinhos dentro de uma das montras, escolhendo um lugar onde corresse a aragem, o que evidenciou a presença dos ditos. E eis que vem de lá o Antunes: - Pá, ó juventude (é assim que ele nos trata), agora vendes sapatos? E o meu colega que sim, mas não aqueles, aqueles são da Gina. E ele muito espantado. E o meu colega que sim, vendemos. E ele muito espantado. E o meu colega que vendemos sapatos para as obras. E ele muito espantado.

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