Isto do põe-tira os óculos é uma espécie de ginástica na qual ainda não me movo dignamente. Uma pessoa precisa de óculos para ver sobretudo ao perto, logo: são necessários para ler, tanto em papel como em ecrã. Uma pessoa não precisa de óculos para ver se está de sol ou de chuva, ler painéis de rua ou dizeres em montras. E é no por-entre que está a dificuldade, isto porque posso precisar dos óculos neste segundo e, no imediatamente a seguir, não. 'Ó Gina, vê lá aqui esta chave', pede o meu colega – ponho os óculos. De seguida continuo o que estava a fazer: organizar uma gaveta de material, tarefa que não me exige óculos – tiro os óculos. De seguida ponho os óculos para outra coisa qualquer. De seguida tiro os óculos porque são dispensáveis. De seguida. De seguida. E agora pergunta o benévolo leitor:
Ó Gina, e...?
E é e. E a Gina diz que a porra está na questão de me não ser desconfortável manter o óculos em toda e qualquer uma das demandas ou tarefas que levo a cabo enquanto profissional de balcão, o que faz com que me esqueça dos ditos em cima deste funcional nariz, o que faz com que os olhos se viciem num padrão que nem sempre é benéfico, o que faz com que apareça uma certa dependência da ajuda que as lentes dão.
Sem comentários:
Enviar um comentário