Hoje é o dia dos primos. Tenho vários e díspares. Dois já morreram, um de acidente de mota: a prática em conduzir aquilo era quase nenhuma (tinha dezoito anos), outro de acidente infantil: empoleirou-se para assomar à janela de um terceiro andar e caiu (tinha três anos). Depois tenho um que é maluco, dois que andaram na guerra do Ultramar, um que é maricas (estou a ser fofinha com o termo), uma que casou muito muito muito jovem e teve três filhos com pouquíssimo intervalo de tempo por entre, um que é... não sei, se calhar este é insípido, uma com a qual sou parecida em expressões e trejeitos, um que é muito tímido, quase não se lhe ouve a voz. Há anos que não vejo qualquer um deles, ainda que um, por morar não longe de mim, avisto de quando em vez e, em vezes dessas vezes, chegamos à fala porque nos aproximamos o suficiente, mas passam-se anos que não. O único primo de quem guardo saudades é daquele que morreu com dezoito anos (eu tinha quinze). Chega a ser hilariante, ou trágico-cómico, sei lá, ter saudades do que morreu e, se morreu, não as posso matar (o trágico-cómico também encaixa aqui). Aquele meu primo era meu amigo. Mesmo. Por isso é que tenho saudades dele.
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