Embora tivesse cruzado caminhos religiosos em tempos remotos, jamais me considerei religiosa, julgo que por me ser difícil colaborar ou fazer parte seja lá do que for. A somar: com o passar dos anos surgiu todo um rol de dúvidas e um dia desliguei-me por completo desse mundo. Porém, actualmente, não é que descreia na existência de Deus, mas... Hum, e se, afinal, pá, existe...? Percebo que estou no lugar mais confortável, seguro e cobarde que há: tanto se me dá que exista, como não, vou andando com a minha vidinha repleta de coisas comuns, igual a toda a gente, sem certezas, sobretudo sem querer tê-las, o que também contém uma boa dose de preguiça, que eu bem sei que sim. Melhor me é atentar no que vejo e sinto, porque isso, mesmo que inventado, (e quantas vezes o é...) a mim pertence, fui eu que fiz, vi, notei - eu - e daí nasce uma verdade que ninguém - senão eu - pode destronar. Deleito-me com o cheiro do ar, o brilho do prédio amarelo, o que acontece às plantas. Isto são tudo verdades e nestes exemplos há uma espiritualidade que me preenche, nunca fui tão permeável nem disponível como agora, e isto nada tem de oposto à religião. Ser religiosa é isso: permeabilidade e disponibilidade. Bom, é consabido que este tema é inexplicável, o principal registo que queria fazer é que nunca fui tão espiritual como agora e queria que se percebesse que essa espiritualidade efeito-causa não passa pela religião.
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