Outra contradição, e esta ficou para hoje. Estou quase a desistir, mas porque é que eu me meto nestas andanças se de antemão sei que jamais chegarei a uma ideia fixa e capaz no que concerne a este tema?!
Bom, o que se passa é que preciso desesperadamente de surpresas, pessoas de quem ouça expressões que me façam estalar pipocas, pedras que mudem de lugar pelas intempéries, folhas que despontem, sol ou chuva ou vento ou granizo ou frio ou calor ou nuvens ou então não, tristeza e alegria e entusiasmo e melancolia e prazer e indignação e até lassidão. Chama-se a isto andar à mercê, e é bom que se farta por conta do inesperável, que o esperável é aborrecido que eu sei lá. Pronto, eh pá, é isso, eu preciso de surpresas. Desesperadamente. E, para ser surpreendida, é forçoso que me deixe estar, sem nada esperar, pois só assim o acaso é bonito e bom e surpreendente. Reconheço que assim de repente parece uma parvoíce de tamanhão isso de estar à espera do inesperável, então mas eu agora não tenho vontade própria ou o quê?! É o quê, é isso mesmo. Entretanto, e quiçá na mesma medida, é-me indispensável a rotina, o saber que amanhã é sábado, que venho trabalhar, que a hora do almoço vai chegar, e como é sábado o dia de trabalho acontece pela metade, e que por isso já não vou espreitar a árvore amarela nem observar as pessoas no lugar da musa, tampouco percorrerei as avenidas enquanto escrevo coisas na minha cabeça (quantas me fogem e nunca mais dou por elas...) porque vou para casa. Mas. Em. Casa. Escrevo. Coisas. Na. Minha. Cabeça. É isto o esperável, sinto também uma necessidade enorme de saber que o meu sábado vai ser assim. Rotina. Ramerrão. Previsibilidade. E por aqui me fico, certa de que não deslindei porra nenhuma.
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