Através das enormes janelas do salão - aquele onde a Carminho trata de me embelezar - consigo ver parte da avenida. É giro que as janelas recortem a paisagem, se num pedaço de vidro vejo o bico do quiosque, num outro vejo o andar muito alto, aquele que tem uma enorme porta, partida em três, cujos cimos são ogivais. Vejo também carros em movimento. Agora um Renault, agora um Mercedes, agora um Mercedes, agora um Mercedes... Mau. No dia em que descobri que Mercedes é um nome feminino, eu ainda bem jovem, fiquei extasiada. Estar a reparar que marcas de carros estavam em circulação fez-me lembrar do rico filho, que, ainda mal sabendo falar, já conhecia todas as marcas. Era giro pra caraças a gente ir pelas ruas perguntando:
«E este aqui filho, qual é?»
E ele sabia. Mesmo. Dois anitos.
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