segunda-feira, 27 de abril de 2020

Baú, 10 abril 2017

Nunca se sabe nada. O mundo não tem respostas para a gente, é escusado procurar, mas, a bem dizer, não se faz mais nada nesta vida do que procurar coisas e preencher buracos. Já perceberam que a gente passa a vida a preencher vazios? E nem estou a falar dos amplos espaços da mente ou da alma, é mesmo buracos, coisas físicas, um cantinho lá em casa, uma prateleira que ficava tão bem ali, o jogo tetris, as palavras cruzadas, o sudoku, a construção dos prédios, os monumentos, o registo escrito, o meu, que passo a vida nisto de escrever coisas com altos valores para mim. Para mim: antes de mais, depois, se para os outros, é secundário, pá, logo se vê. Preencho, também com grande vontade e sem nenhum saber, o coração, a cabeça e o estômago. É preencher. É encher. É betumar. É calafetar. É cobrir. É forrar. É chapar. É trancar. É.

2 comentários:

  1. Li um dia destes que há dois tipos de bebedores: os que bebem para preencher vazios e os outros, que bebem para esquecer espaços, portanto, para se/os esvaziarem. Pode ser mais uma metáfora da vida, aproveitando este teu cogitar: há quem a viva enfiando coisas em buracos e há quem pretenda rapar as coisas desses buracos.

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    1. São os reveses da vida, cada um um sem-fim.

      :)

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