Sonhei que ia com a rica filha pela mão, ela com o aspecto e o tamanho de quando tinha dois anos. Para não a perder de vista atei-lhe ao pescoço uma linha com o ponto emaranhado de uma máquina cose-e-corte. Continuámos a andar assim: eu a fazer de dona, ela a fazer de cachorrinha e o ponto a fazer de trela. Não íamos encantadas da vida, e nem era por conta da trela (trela?! caraças, pá, o que uma pessoa se põe a sonhar...), mas da estreiteza do caminho que tínhamos pela frente. Eu explico. Era um carreiro que numa das laterais caía a pique, tipo ribanceira mas sem inclinação alguma, e, nessa orla, era a beira-rio, nada de ondas. Portanto: temos um precipício que pode, ou podia, não sê-lo, uma vez que a água podia suster-nos em caso de queda. Bom, é isso mesmo, a rica filha caiu na água. E afundou. Olhei para a água, que era límpida (mas límpida, só vos digo, qual lodo, qual quê) e vi a cabeça dela a afastar-se, a ficar pequena. A minha reação foi atirar-me à água para a ir buscar mas já estava sem ar, como se também em terra me fosse impossível respirar. Acordei neste momento, verdadeiramente aflita. Caraças. Oh porra. É sonho, não há mal.
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