Estive a observar o meu estaminé como se outra pessoa fosse. Do outro lado da rua. Não é bonito nem feio. Parece uma loja, tudo bem, de grandes montras, muito bem, com um vasto leque de ofertas (somente compráveis, pá, é requisito incontestável), pois bem. Não tenho a certeza de ser apelativo sem demora, se as pessoas entrarão destemidamente. Sei que, e precisamente pelo tempo de balcão com que conto, as pessoas são o que são, se tímidas, timidamente entrarão, se expeditas, expeditamente farão o seu pedido. Imaginei-me cá dentro, de um lado para o outro, ocupada com coisas, umas inerentes ao desenrolar do estaminé, outras não. Já toda a gente percebeu que é no meu estaminé que escrevo a maioria das coisas que aparecem no blogue, né? Imaginei-me cá dentro, sim, mas não me alonguei nesse pensamento, não demoro nada a ver-me repelente, e isso não aguento.
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