segunda-feira, 12 de outubro de 2020

Era expectável acastanhar. E eu até já previa isto, mas.

A bolota retratada abaixo já vem de outro post e o retrato aconteceu por conta de eu querer comparar a bolota, o que, resumidamente, transforma esta questiúncula num antes & depois. Para encontrar o post do 'antes' pesquisei no blogue por 'bolota' e, ó pá tóin xiru!, encontrei mais quatro posts onde escrevi essa mesma palavra, sendo todos datados do Outubro de há quatro anos (textos abaixo da foto). E, melhor ainda, mesmo tóin tóin tóin xiru!, é que ter assistido ao cair de uma bolota não foi vez primeira. Tudo isto que acabei de registar se parece com nada que valha a pena, mas deu-me que pensar, e não foi pouco. Quem era eu no Outubro de há quatro anos? A mesma, afinal. E, oh porra, como isso é bom.

 


Tenho para ali um saco onde guardei uma bolota (sóri se aquilo ali não for uma bolota, muitos sóris) desde o passado dia vinte de setembro. Vi-a cair ao chão, daí o preciosismo de a guardar. Eu vi. Em direto. Descia a rua mais bonita de Lisboa, e duma das árvores do lado direito (bem sei quão faltosa de referências, mas não fixei qual delas) eis que caiu uma bolota (não sei, já sabem, ah ah). A poesia. O momento. A poesia no momento. O momento da poesia. Daí o preciosismo, que mais posso eu fazer do que guardar uma bolota (hum, pois...) muito bem guardada num saco e mantê-la num saco e espreitá-la quando está no saco. Posso por exemplo escrever um post parvo, que um inteligente é difícil, e podia por exemplo tirar uma foto, mas isso, como se sabe, é matar o encanto que tem a bolota (dizer o quê agora...?). Há um povo qualquer (não sei qual nem vou pesquisar) que acredita que a fotografia retira a alma às pessoas, suga-lha impiedosamente. Nunca considerei essa crença descabida, raramente tiro fotos à árvore amarela ou à rua mais bonita de Lisboa, sei lá, parece que se dá o extermínio total e que a culpa disso é minha, não sei explicar o sentimento melhor que isto, desculpem, é meu dever, mas não sei.
16 Outubro 2016

Tenho de
pôr no lixo uma bolota seca e sugada, de onde já retirei todos os assuntos que queria, uma borracha de má qualidade e uma borracha tão pequenina que já não é manuseável com o conforto que espero, um relógio ao qual se lhe saltou o botãozinho da corda.
Tenho de
ah... eu também me jogar no lixo ou coisa assim, mas como deita mau cheiro, pois que não.
17 Outubro 2016

Ainda não pus no lixo aquelas coisinhas que andam na minha mala, portanto essas coisinhas ainda andam na minha mala. Inclusive a bolota, oh céus, que nunca mais dou conta do recado, até o relógio sem corda lá anda, a fazer peso, as borrachas idem. Ontem queria deixá-lo no cacifro do Ginásio mas entretanto esqueci-me. Ora.
19 Outubro 2016

Acrescentei uma peça ao rol que anda na minha mala: uma roda de plástico com um furo mesmo no meio a desenhar uma forma gira que se farta. Anda-me então isto tudo, isto tudo: o relógio parvo inútil (parvo e inútil, pronto, neste contexto são sinónimos) as borrachas desarrazoadas e a bolota seca de assuntos, ah... a bolota seca, de onde já não pinga nada. Entretanto encontrei uma castanha redonda. Caiu duma das árvores da avenida, não em direto, tipo cena de reálatichâu, como foi com a bolota que já secou, qual quê, o que lamento, pois está claro, só que não, infelizmente, oh. Trouxe-a comigo, quiçá daí desçam muitos assuntos. Desçam?! Hum, estou um bocado baralhada, será que os assuntos sobem? Serão um linha horizontal?
20 Outubro 2016

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