dia um
Acordei às três e picos já não dormi. Levantei-me às seis e tal. Por entre, olhei para o relógio às três e não sei quê, às três e cinquenta e nove, às quatro e coiso e às cinco e tal. Pensei em descongelar as bananas para o batido. Pensei em arrumar a cozinha. Pensei em pôr a roupa em sabão. Pensei, por último, em escrever as merdas do costume.
dia dois
Acordei às cinco e trinta e sete e já não dormi. Levantei-me às sete e coisa e fui pôr a água ao lume para fazer o chá. Escolhi o de funcho, do qual gosto quase nada. Quando a chama do bico do fogão apareceu gostei de ver o azul a sobrepor-se ao branco. Ainda não tinha acendido a luz, daí o realce. Na carícia que fiz à minha cadela, a número trezentos e vinte e nove deste dia, julguei que teria sido boa ideia usar o tempo que estive a olhar para o escuro do tecto para a passear. Agora que até nem está assim tanto frio, nem nada.
dia três
Tive uma noite diferente. Embora tenha acordado várias vezes, não tive tanto tempo a mirar o escuro. Miraria o tecto, não estivesse tão escuro. Repito-me, bem sei. Digo: aquilo do tecto.
dia quatro
Acordei aos montes. Montes e montes de vezes. Em certa dessas vezes senti frio e calor em simultâneo. Se nunca pus no blogue que já tive esta sensação em outras noites, então foi porque me esqueci, e tanto queria ter posto, como realmente aconteceu. Noite afora fui sentindo um forte cheiro a café, que identifiquei como sendo da chávena que tinha em cima da mesinha-de-cabeceira. O remanescente da bebida tinha secado, dado o número de horas ocorridas desde a toma.
dia cinco
Ena! Acordei bem mais próximo à hora devida. Mas fui acordando na mesma e sei lá quantas vezes. Apercebi-me que sou também grafómana quando de noite. Deixo a questão na memória, só por dizer que não memorizo tudo, que é lá isso. Que seria? O que seria era eu levantar-me e pôr-me a escrever, pois seria. Já faltou mais para encontrar esse alento, já. Vou até intitular este post de 'noites duma grafómana'.
dia seis
Ena, ena, ena! Ena tantas 'enas'... Pá, acordei à hora que é justo acordar se fizer as contas com a hora que tenho que sair. Claro que acordei ressacada, mas e depois, né?
dia sete
Acordei. Acoredi... ai perdão, acordei. Acordada. Incómodo. Porra. E escrevi aos bués cá por dentro. Só me lembro do 'terrau! terrau!', nada do que me levou aí. Sei que era uma ideia apresentada sucintamente – duas frases – e intercalada com o 'terrau! terrau!'. Eu sei, eu sei, seria um post do caraças, mesmomesmomesmo imperdível, mas.
dia oito
Dormi quase toda a noite. Tem-me acontecido dormir melhor nas noites que sucedem os treinos. Nem sempre isto aconteceu assim, era até o contrário. Mas é claro que folgo que assim tenha acontecido.
dia nove
Acordei às cinco e coiso e já mal dormi. Mas dormi. Em certas noites de estar alerta (debalde, sem causa capaz, pois claro) ouço um despertador aí por volta das seis. Mas não foi o caso d' hoje, qu' hoje é domingo.
dia dez
Acordei à uma e não sei quê. O (bem, neste caso, um) vizinho fazia barulhos do tipo desencaixotar coisas e fazer por agrupá-las. Parecia que organizava qualquer coisa de porte médio, pelo barulho de pousar no chão. Acordei às quatro e fui dormindo e acordando desde aí. Na última vez que acordei já era dia. Ah, que estranho... Ulha! Claridade! Toca a levantar!
dia onze
Acordei rente às seis e ouvi alguém a tomar banho. Quero dizer: presumo muito presumidamente (se é que isto tenha escala) que era banho, é que, vamos lá a ver, aquilo não parava de jorrar. Quero dizer: presumo, também em alta escala (podendo ser), que era jorrar do cano e não ir pelo cano. Quero dizer: o ir e o vir sempre tem algumas diferenças.
dia doze
Acordei às 0:34, sei que sim, mas sem saber porquê. Ou seja: também não há razão nenhuma para acordar às quatro ou às cinco, só por dizer que à meia-noite e meia é ainda mais desarrazoado. Podia, para estender esta noite, expor o que pensei, como fiz em outras, mas é que, tirando este espanto da desrazão, não me lembro de mais porra nenhuma para pôr aqui.
noite treze
Pois, noite → 'noite treze'. Vejam lá que hoje é que me lembrei que não são dias, qual quê, são noites. Ora então vamos lá:
Acordei às 0:54 mas com motivo. Quero dizer: acho eu, já que ouvi aqueles barulhos todos coisos – arrastar de cadeiras, correr de gavetas, desembrulhar de pacotes. Enfim. Adormeci algures na noite e voltei a acordar pelas quatro, não voltando a adormecer. Sério. Até me levantei bem mais cedo que o meu costume porque a cama já me estava a ser maléfica.
noite catorze
Acordei às 23: 40... Quê?! Isso. Mas por que raio acordei eu meia hora depois de adormecer? Mas anda-me a questão a piorar?! Oh ca porra! Adormeci montes de tempo depois, isso sei eu, e voltei a acordar às quatro e sei lá quê e, sei lá também, se dormi mais.
Pois, é isso, sei lá que mais. Termino mas é com este diário versus noitiário e pronto. Ao início gostei muito de o construir, depois foi-se-me esvaindo o gosto e, por ora, está a ser verdadeiramente chato construí-lo. Seja lá como for, tinha idealizado que este empenhamento duraria duas semanas, e durou.
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